REPENSANDO A PRÁTICA DA PRÁTICA

Texto da Profª Emiliana Maria de Sousa Teixeira, que é pedagoga e especialista em Metodologia do Ensino.

Publicado em JORNAL VIRTUAL PROFISSÃO MESTRE
Profissão Mestre – Ano 6 Nº 72– 18/06/2008

Quem disse que o professor é só para ensinar o be-a-bá ao aluno, encher o quadro de matérias e o aluno copiar até passar o tempo, fazer e corrigir tarefas, fazer prova e coisas mais deste tipo? Isso é muito antigo! Isso mesmo, mas se você for observar, com certeza, irá encontrar ainda vários professores com esta prática.

Ensinar não é isso, vai mais além, longe quem sabe, até mesmo do alcance de alguns professores, mas professores que não estão comprometidos com a educação, que ficam acusando, dizendo que ganham mal e que não vão se dedicar, enfim, que não vão perder seu valioso tempo com o aluno, principalmente com aluno que não quer nada. É assim que alguns falam, não concordam? Enquanto isso, continuam na mesmice, a prática é sempre a mesma: pobre sem atrativo e fatigante. Lembrando dos planejamentos, por exemplo, quando se reúnem, muitos acham um saco e acabam repetindo o mesmo do ano passado, esquecendo que cada ano é uma realidade, que cada ano é uma platéia diferente.

Pois bem, como eu disse, educar vai além dessas coisas feitas no dia-a-dia, na sala de aula; não basta só encher a cabeça deles com informações, e educadores que se prezam sabem disso. É necessário mais envolvimento, mais dedicação, mergulhar com profundidade no ser do aluno, compreender, entender, descobrir o que estão buscando na escola, enfim, conhecer o aluno com suas necessidades básicas. Sabemos que todo aluno vem de casa e traz para escola seus problemas, suas dúvidas, suas emoções e que esperam que alguns professores percebam isto – e eles não percebem –, acabam se decepcionando, e até mesmo desistindo da escola, pois nenhum professor dele pára para observar e sentir o que pode estar acontecendo.

Não somente o professor comete esta falha, mas também toda a comunidade escolar. Se parassem para observar, perceber e sentir como nosso aluno está se comportando, como está sua aprendizagem e ir além das quatro paredes da escola, à família deles para investigar e detectar o que deve estar acontecendo para que possa justificar o insucesso do mesmo. Buscar envolvimento, interação junto à família e ver como ela vive, quais os problemas mais sérios e graves, e assim tentar resolver alguns deles; buscar soluções juntamente com a congregação de professores, conselho escolar, núcleo gestor, enfim, toda comunidade escolar se for possível.

Falam de uma educação moderna, de uma educação diferente, uma educação para a vida, mas na prática não tem nada a ver. No entanto, tanto os professores como o núcleo gestor deixam a desejar, falam mas não praticam, porque dá trabalho, não tem condição, é perigoso, etc. Para se ter uma idéia, alguns professores não usam dinâmicas porque acham bobagem ou porque dá trabalho, enquanto isso continuam só jogando matéria, e fica naquele “faz-de-conta que ensina, faz-de-conta que o aluno aprende”.

O professor que se renova, que busca mudanças, formas atrativas de dar suas aulas, de repassar informações e conhecimentos, de tornar dinâmico e mágico aquele pequeno momento de contato como aluno, se sente realizado e satisfeito. O fato é que se não houver mudanças não há aluno que suporte e, com certeza, a aprendizagem será de mal a pior. Minha gente, em pleno século XXI, tempo em que as novas tecnologias estão a todo vapor, ainda encontramos professores neste perfil degradante, totalmente atrasado, isso é terrível!

Todo professor deve valorizar sua profissão, deve ter amor ao que faz e que escolheu para sua vida, mesmo sabendo que a educação em nosso país não é bastante valorizada, mas deve fazer da sua prática prazerosa, compensadora; que haja ensino-aprendizagem, para que ao invés de construir mentes alienadas possamos construir mentes pensantes, capazes de enfrentar esta sociedade que aí está, cruel, injusta e traiçoeira.

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Para entrar em contato com a autora, mande um e-mail para emijam@hotmail.com.

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