SIM -é a resposta- e vale para um/a administrador/a, economista, contabilista, médico/a, engenheiro/a, professor/a, geógrafo/a, biólogo/a, religioso/a, advogado/a, sociólogo/a, farmacêutico/a, odontólogo/a, físico/a, químico/a ou não importa que outra pessoa (portanto, sem exceção) que haja concluído qualquer curso-superior-pleno de graduação, devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação. Mas, a quê se deve tão ampla abrangência?
Deve-se à simples razão de que o Desenvolvimento Local (DL) implica e requer contribuições de muitas Ciências (Educação, Economia, História, Geografia, Biologia, Matemática, Ciências da Saúde, Engenharias, Administração, Ciências Ambientais, Ciências Agrárias, etc.), justamente porque extrapola e transcende as fronteiras limítrofes de cada uma delas isoladamente.
Isso, em razão de que a essência do DL -como tratada neste Programa de Mestrado- se constitui de permanente processo formativo e implementador de capacidades, competências e habilidades, no seio de cada comunidade-localidade que o adote, afim de que ela mesma paulatinamente se evolua da condição de passivo-objeto (como nas praxes tanto do intervencionismo desenvolvimentista quanto do desenvolvimentismo assistencialista vigentes) para a de ativo-sujeito de seus próprios rumos e meios endógenos de se desenvolver cultural, humana, ambiental, social e economicamente, de dentro-para-fora e de-baixo-para-cima, em relação a ela mesma e às demais alçadas societárias externas com as quais se relacione e interaja.
O DL não se reduz, pois, a lenitivo (analgésico) socioeconômico de camadas periféricas, carentes e pobres desta ou daquela determinada localidade, como tratado tanto na ótica hemisférica dos países mais ricos e hegemônicos do planeta, os comumente ditos desenvolvidos, como na do concentrismo econômico (também automaticamente sugador de possibilidades e status socioculturais) reinantes nos países subdesenvolvidos, o Brasil ainda dentre eles. Afinal, e em qualquer país do mundo, quase sempre periferia e pobreza se relacionam com subdesenvolvimento, mas desde quando, e com que respaldo, riqueza tornou-se sinônimo de desenvolvimento e rico de desenvolvido?
Assim entendido, o Desenvolvimento Local (DL) endógeno se alça a contraponto e contrapé (relembrando: não lenitivo assistencialista) aos devastadores efeitos das avalanches massificadoras da globalização capitalista moderna, turbinada pela altíssima eficiência sobretudo dos atuais meios científicos, tecnológicos e técnicos de interatividade humano-espacial. Isso, por se tratar de nova filosofia-política de desenvolvimento no horizonte de determinado contingente humano, existencial e ambientalmente situado ou “definido” (ou que costumeiramente se denomina “comunidade”), com todas as circunstancialidades que lhes sejam próprias, inclusive todas as suas riquezas, pobrezas, facilidades e dificuldades reais ou potenciais.
Portanto, e como de certa forma já expresso anteriormente, o DL atua no sentido de que o supra-referido contingente humano, e quaisquer outros com características similares, se tornem capazes, competentes e hábeis de se despertarem (sensibilizarem), mobilizarem, organizarem, proverem meios e tomarem iniciativas afim de que paulatinamente assumam a condição de sujeitos de implementação dos respectivos processos de desenvolvimento-comunitário-local endógeno.
Isso implica, por um lado, permanente processo de comunitarização especificamente para essa finalidade, obviamente com ajuda e assistência (não assistencialismo) de agências e agentes externos, não importando o curso superior que cada agente interessado a participar desse processo tenha concluído. E, por outro, essa é a principal razão pela qual este Mestrado se caracteriza como MULTIDISCIPLINAR.
Entretanto, e considerando que cada Ciência ou domínio profissional tem seu próprio objeto de estudo/trabalho, uma coisa é estudar/trabalhar -por exemplo- Educação, Administração, Economia, Medicina, Agronomia, Geografia, etc., NUMA determinada comunidade-localidade e outra, bem distinta, é ESTUDAR/TRABALHAR ESSA COMUNIDADE-LOCALIDADE, afim de que ela própria comece a se educar, administrar e tornar apta teórica e operacionalmente a passar da condição de objeto-passivo à de sujeito-agente de seus rumos e meios de desenvolvimento, de-dentro-para-fora e de-baixo-para-cima dela mesma, como dito anteriormente.
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Embora concisas, as ponderações –supra- já respaldam esta importante seqüência de DESTAQUES (sobre convergência de subsídios científicos para o Desenvolvimento Local):
Primeiro, o Desenvolvimento Local precisa de subsídios convergentes da grande maioria das Ciências/Áreas de Conhecimento, e correspondentes domínios profissionais.
Segundo, como essas convergências não acontecem automaticamente, pelo fato de cada Ciência (ou domínio profissional) já ter seu objeto próprio de estudo/trabalho, cabe aos profissionais/experts de cada Ciência, Área de Conhecimento ou domínio profissional orientarem os objetos de estudo/trabalho de suas respectivas Ciências para o objeto de estudo/trabalho do Desenvolvimento Local: o de cada comunidade-localidade paulatinamente conquistar capacidade, competência e habilidades para se evoluir da condição de objeto para a de sujeito de seu desenvolvimento, interagindo e interseccionando-se com todo o seu contexto ambiental.
Terceiro, e a título de ilustração, eis um panorama visual das supramencionadas convergências:
Quarto, (então) de convergências-multidisciplinares de diferentes Ciências ou Áreas de Conhecimento, numa determinada comunidade-localidade, se busca convergência-interdisciplinar de todas elas para o objeto de estudo/trabalho do Desenvolvimento Local, no intuito maior de implementar, nessa comunidade-localidade, a cultura e as maneiras associativo-cooperativas de ela pensar e labutar para se tornar sujeito/a de seus rumos e meios de desenvolvimento.
Quinto, quanto mais um expert em/de qualquer Ciência/Área de Conhecimento se dispuser a interagir seus conhecimentos humanos, científicos e técnicos em contexto de autêntico Desenvolvimento Local endógeno de determinada comunidade-localidade, também tanto maiores se tornarão os horizontes de valorização e demanda por seus serviços especializados. Isso, porque: primeiro, os membros dessa comunidade aprenderão –justamente com ele- a demandar serviços especializados de sua Área; segundo, por suas maneiras maiêuticas, éticas, científicas e técnicas de se relacionar com comunidade, em processo de DL, emergirão laços de confiabilidade (pessoais e profissionais) que lhe garantirão preferência sobre qualquer outro colega aí menos desconhecido.
E, para concluir esses cinco destaques, importa ressaltar que o Mestrado em Desenvolvimento Local da UCDB, além de se dedicar a estudos e pesquisas teórico-conceituais e teórico-metodológicas específicas, se posiciona explicitamente como mediador entre diplomados em diferentes Áreas de Conhecimento e o mundo processual do Desenvolvimento Local, endógeno e emancipatório de comunidades-localidades “definidas”.
Em verdade, nele se trabalha multi-e-interdisciplinarmente para que todos os Alunos (Regulares e Especiais) se tornem aptos Agentes de Desenvolvimento Local, logicamente também entendidos como profissionais capazes de compatibilizar e promover convergências para o DL de subsídios das respectivamente diversas Áreas Científicas e Técnicas de seus cursos de graduação, sem perda alguma de posterior vinculação com nenhuma delas.
Doutor em Política e Programação do Desenvolvimento/
(enfoque em)Educação e Emprego pela Université de Paris I/Panthéon-Sorbonne (França)
e atual professor do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Desenvolvimento Local da UCDB.
Data: 15/09/2008