Crianças brincando de Adição com Pega-Varetas
Atualmente, há uma grande preocupação que o processo ensino e aprendizagem da disciplina não se efetive de maneira mecânica nem repetitiva, mas, ao contrário, que possibilite as crianças sentir entusiasmo em aprender Por Geise Cristina L. Ricardi*
Tomando como ponto de partida de que a matemática não se constitui em um conjunto de fatos a serem memorizados, que aprender a operar com números é muito mais abrangente que contar e reconhecê-los e, sobretudo, que os conhecimentos adquiridos por meio dessa disciplina, serão estruturantes para a vida cotidiana e toda a trajetória escolar das crianças, qualquer proposta de trabalho que envolva a matemática deve encorajar, conforme Smole (2003), uma grande variedade de ideias, não apenas numéricas, mas também aquelas relativas à geometria, às medidas e às noções de estatística, de modo que as crianças desenvolvam e conservem com prazer uma curiosidade acerca da disciplina, adquirindo diferentes formas de perceber a realidade. Logo, pensar desse modo significa acreditar que a compreensão requer tempo e exige um permanente processo de interpretação, pois assim a criança tem a oportunidade de estabelecer relações, solucionar problemas e fazer reflexões para desenvolver noções matemáticas cada vez mais complexas. A prática pedagógica que considera a construção do conhecimento da criança encontra nos jogos e brincadeiras aliados na construção da autonomia das mesmas. Os jogos de regras, por exemplo, contribuem com a aprendizagem matemática quando propõe um desafio à criança, ou seja, o "que fazer agora?" ou "de que meios disponho?". Por meio dos jogos e brincadeiras, a criança se depara com situações que precisa enfrentar com clareza, objetividade e consciência, sentindo uma necessidade lógica e biológica de organizar seu raciocínio. Portanto, utilizados na aula, eles passam a ser estratégias que agilizam a autorregulação cognitiva e também afetiva, podendo ser usados em diversas situações de aprendizagem. Muitos deles interessam às crianças no cotidiano, o que se constitui num rico contexto no qual ideias matemáticas vivenciadas são balizadas pelo planejamento, questionamento e interferência do professor. Consequentemente, devido à grande versatilidade aplicativa, os jogos de regras ainda possibilitam diferentes enfoques, favorecendo inúmeros desafios. Exemplo disso são os jogos numéricos, que permitem às crianças utilizar números e suas representações, ampliar a contagem, estabelecer correspondências, operar e pensar matematicamente. Por meio de materiais como dados, dominós, baralhos, trilhas numéricas, cubra-descubra e outros jogos, elas se familiarizam com números, com a contagem e com as operações matemáticas de forma natural. A maioria dos educadores reconhece que a importância da criança aprender, se divertindo, é muito antiga na história, já que surgiu com os gregos e romanos. Entre outros, Friedrich Froebel**, o primeiro pedagogo a incluir o jogo no sistema educativo defendia que "a personalidade da criança pode ser enriquecida e aperfeiçoada pelo brinquedo e que a principal função do professor é a de fornecer situações e materiais para o jogo". Ele também ressaltava a ideia de espontaneidade infantil, preconizando uma autoeducação da criança pelo jogo, graças as suas vantagens intelectuais e morais.
* Geise Cristina L. Ricardi é Graduada em Pedagogia pela Universidade Católica Dom Bosco/UCDB. Especialista em Educação pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul/UEMS. Mestre em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco/UCDB. Professora do curso de Pedagogia, modalidade Interativa e Presencial da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal/UNIDERP. Coordenadora Pedagógica da Escola CNEC Oliva Enciso.
** Saiba sobre a história de Froebel na matéria publicada na revista Coleção Educativa Especial nº 06. Continue a ler este artigo na publicação Coleção Educativa Especial nº 06 e veja ainda "A Aprendizagem matemática por meio dos jogos".
Além disso, obtenha várias sugestões de jogos lúdicos para as crianças aprenderem brincando.