Até duas ou três décadas atrás, o amplo ou maior domínio de conhecimentos era o que mais se aspirava ou se pretendia, do ponto de vista cultural e profissional. Saber enciclopédico era uma qualificação que muitos gostariam de ter. Porque, cabe dizer, sempre foi muito valorizado pela sociedade.
O mundo tem passado por grandes e rápidas mudanças, como sabemos e até pelos impactos que recebemos. Mas nem todas as mudanças são facilmente percebíveis ou se tornam claras para a maioria das pessoas.
Uma delas é que o conhecimento está perdendo – não a sua importância – mas o seu poder quase absoluto. Divide agora esse poder com um outro fator recém chegado, moderno, que se chama competência.
Como assim ?
Quanto mais voltamos ao passado, menos a qualificação das pessoas era importante. Até porque as sociedades eram pouco desenvolvidas e havia nelas poucas organizações e, por conseqüência, poucas profissões.
Praticamente só os artistas, os filósofos e as pessoas que adotavam carreira religiosa e militar tinham possibilidades de mostrar valores, que hoje chamamos de competências.
Só com a chegada dos regimes republicanos e democráticos, e com o advento da era industrial – tudo isto acontecendo a partir do século XIX – a economia de mercado e o surgimento e fortalecimento de maior quantidade de profissões tornaram-se realidade.
Mais recentemente, porém, surgiram três fenômenos que abalaram as sociedades, como um todo, e os negócios e atividades profissionais de modo especial. São eles: a globalização, a competitividade nos negócios e a rápida evolução das tecnologias.
Por efeito deste conjunto de fenômenos, o conhecimento tem crescido quantitativamente – de forma impressionante, aliás – mas já não reina sozinho. Divide o trono agora com o fator competência. E a explicação é esta: num mundo cada vez mais exigente e mais competitivo, ter conhecimento só não basta. É preciso saber aplicá-lo. E saber aplicar conhecimentos, obtendo resultados, é o significado agora diferenciado e forte de competência.
Competência é, portanto, um requisito da modernidade. E isto se aplica a todas as profissões e a todas as organizações.
Agora começa a fazer mais sentido o velho ditado: “Quem não tem competência não se estabelece”.
E agora se pode afirmar que uma pessoa possa ter muitos conhecimentos, ter pós-gradução e doutorado, e ser incompetente. Se não souber aplicar seus conhecimentos e obter resultados como profissional empregado, como profissional autônomo ou como prestador de serviços a organizações.
Conhecimento x Informação x Dado
Aproveitando a oportunidade de abordar o fato de conhecimento ter repartido sua importância com o novo fator competência – cabe destacar ou lembrar aqui esta diferenciação e este sentido de hierarquia entre estes três elementos: conhecimento, informação e dado.
O conhecimento é mais abrangente e mais importante, como regra geral, do que a informação. Conjuntos de informações compõem conhecimentos científicos, técnicos, organizacionais, etc. As informações, por sua vez, compõem-se de um ou mais dados. A menor parte, portanto, do conhecimento.
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Enio José de Resende possui graduação em Letras e Pedagogia, pós-graduação em Recursos Humanos e especialização em Desenvolvimento Organizacional. – Participou de mais de 100 programas de desenvolvimento profissional, 14 no exterior. Foi gerente e diretor de RH na Klabin (Divisão Cerâmica), Camargo Correa, Acesita e Norberto Odebrecht. – Atua como Consultor há 20 anos, tendo prestado serviços a cerca de 170 organizações. – Cerca de 1800 atuações como conferencista, palestrante e conduzindo programas de T e D. – É especialista em Gestão Integrada de R.H., Gestão por Competências, Remuneração Estratégica e por Competências, Gestão de Clima Organizacional, Planos de Carreira e Sucessão e Administração de Talentos. – É autor de 16 livros, sendo 7 sobre Competências, 3 sobre Gestão, 3 sobre Remuneração, 1 sobre Clima Organizacional e 2 sobre Cidadania.
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Fonte: Enio Resende
Data: 19/06/2008
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