PC segue o caminho da vitrola e da máquina de escrever, diz IBM

Trinta anos atrás, em 1981, a IBM revelava o primeiro PC com MS-DOS; hoje, IBM e Microsoft têm visões bem diferentes sobre o futuro do computador

Trinta anos atrás, a IBM criou o primeiro computador pessoal com MS-DOS. Hoje, IBM e Microsoft têm visões bastante diferentes sobre o futuro do PC.

Mark Dean, CTO da IBM para a divisão do Oriente Médio e África, foi um dos 12 engenheiros que projetaram a primeira máquina revelada em 12 de agosto de 1981. Ele diz que os PCs estão “seguindo o caminho da válvula, da máquina de escrever, dos discos de vinil, do monitor de tubo e das lâmpadas incandescentes”.

A IBM, claro, vendeu sua divisão de PCs à Lenovo em 2005. Em seu blog, Dean escreve que “eu, pessoalmente, deixei o PC para trás. Meu computador principal é um tablet. Quando ajudei a projetar o PC, não pensei que viveria o suficiente para ver seu declínio. Mas, apesar de os PCs continuarem a ser bastante utilizados, eles não são mais a vanguarda da computação”.

O comentário de Dean dá continuidade a um debate sobre se já vivemos ou não na era “pós-PC”, na qual smartphones e tablets substituiriam desktops e laptops. Não surpreende que a Microsoft – que vendeu 400 milhões de licenças do Windows 7 – não seja fã deste termo.

"PC-plus"
“Eu prefiro pensar numa era PC-plus [PC-mais]”, escreveu o vice-presidente de comunicações corporativas da Microsoft, Frank Shaw, em seu blog pessoal.

Na visão da Microsoft, é a era do PC mais Bing, Windows Live, Windows Phones, Office 365, Xbox, Skype e o que mais vier.

“Nosso software abastece PCs, Windows Phones e consoles conectados Xbox, bem como uma série de outros dispositivos com processadores embarcados, de bombas de gasolina a caixas eletrônicos e máquinas de refrigerante, só para citar alguns”, escreveu Shaw. “Em alguns casos, nós construímos nosso próprio hardware (Xbox, Kinect), enquanto em outros casos trabalhamos com parceiros de hardware em PCs, celulares e outros aparelhos para assegurar uma excelente experiência de ponta a ponta que otimize a combinação de hardware e software.”

Shaw reconhece que outros aparelhos, como o Apple II e o Commodore PET, surgiram antes do primeiro IBM PC 5150 com MS-DOS, mas afirma que foi a parceria entre IBM e Microsoft que “foi um momento definidor da nossa indústria” e preencheu “o sonho de um PC em cada mesa e em cada lar”.

O primeiro IBM PC veio antes até do Macintosh e do Windows, que foram lançados em 1984 e 1985, respectivamente. Shaw diz que ainda mantém seu primeiro computador, um IBM Personal Portable que roda MS-DOS 5.1.

Espaços sociais
Embora o papel da Microsoft no cotidiano dos usuários de computadores pessoais possa ser reduzido pela ascensão dos iPhones, Androids e iPads, Dean, da IBM, afirma que não é que um novo tipo de aparelho esteja simplesmente tomando o lugar do PC como “o centro da computação”.

“Os PCs estão perdendo o lugar de centro da computação não por outro tipo de aparelho – embora haja muito entusiasmo sobre smartphone e tablets -, mas por novas ideias sobre o papel que a computação poderá ter neste processo”, escreveu Dean. “Nos dias de hoje, está claro que a inovação floresce melhor não nos aparelhos, mas nos espaços sociais entre eles, onde pessoas e ideias encontram-se e interagem. É lá que a computação pode ter o impacto mais poderoso na economia, na sociedade e na vida das pessoas.”

Isso pode soar um tanto vago, mas Dean afirma que a IBM tem visto sua margem de lucro crescer desde que vendeu sua divisão de PCs como parte de sua estratégia de sair do negócio de commodities e “expandir-se em mercados de mais valor”. Um exemplo: o Watson, recentemente coroado campeão do game show Jeopardy.

“Nós realizamos pesquisas científicas fundamentais, projetamos alguns dos chips e computadores mais avançados, fornecemos software que apoiam o funcionamento de empresas e governos, e oferecemos consultoria de negócios, serviços de TI e soluções que permitem a nossos clientes transformarem-se continuamente, tal como nós”, escreveu Dean.

Complemento
Mesmo com todo esse debate sobre a era “pós-PC”, é evidente que há mais pessoas com Windows e Macs do que com smartphones e tablets, e nossos novos aparelhos móveis estão complementando desktops e laptops e não tomando seu lugar.

É difícil superar a conveniência de um aparelho fácil de usar, conectado à Internet e que cabe no bolso. Mas muitas tarefas tornam-se incômodas sem um teclado físico completo. Mesmo as mídias sociais, que parece simbolizar essa era “pós-PC”, exigem boa dose de digitação.

Algumas pessoas vislumbram um futuro em que o smartphone é o centro de todas as necessidades computacionais. Naqueles raros momentos em que precisamos de uma tela maior, teclado e mouse, basta que o encaixemos em um dock. Outros falam de um futuro em que qualquer superfície, seja um muro ou uma mesa, poderá ser transformada em um computador touch screen, operável com um arrastar de dedos.

Fonte: Jon Brodkin, Network World/EUA
Publicada em 11-08-2011

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