Papai, paizinho, paizão, papi, paiê...são diferentes formas de dizer pai. Padre, Papá, Vater, Fahter, Père... são algumas maneiras de dizer pai em outras línguas. Ser pai é especial, é uma arte, é um presente da vida ou do Criador, mas por vezes esse presente não é muito cuidado: por desconhecimento da causa ou por negligência e omissão. Nesses casos, o estado de ser pai passa a ser exercido com pouca sabedoria.
Os pais da atualidade são a geração que vive a quebra do paradigma na ação paterna. A postura autoritária que caracterizava a relação nas gerações passadas não encontra mais espaço para se perpetuar e concretizar no dias atuais. Diante disso, o caminho usual tomado, e que vemos com freqüência na atualidade, é a permissividade. A educação paterna saiu de uma relação autoritária e passou para uma relação de permissividade. Os dois caminhos são extremamente prejudiciais á formação do ser humano virtuoso.
Existe a metáfora da “asinha de frango” que ilustra bem a realidade de certa parcela dos pais na atualidade. Em algumas regiões do Brasil, as partes da carne de frango mais nobres são as coxinhas. As asinhas e o pescoço do galináceo ficam como últimas opções na panela. Dizem alguns pais da atualidade que, quando eles eram crianças, na relação autoritária da educação familiar quem comia a carne mais nobre - as coxinhas - eram os adultos. Às crianças cabiam as asinhas, afinal eram crianças. Essa relação teve uma mudança de 180 graus nos últimos 30 a 40 anos. Hoje, segundo essa leitura, as crianças são o centro das atenções e a carne mais nobre do frango – as coxinhas - vai para o prato delas e os pais continuam com as asinhas e o pescoço, assim como quando eram crianças.
Mesmo que essa metáfora não seja um retrato fiel de toda a realidade atual, ela auxilia a compreender um fato central: a grande mudança que está acontecendo na educação familiar nessas últimas décadas. Dos pais é esperado que desempenhem uma nova forma de paternidade. Por vezes eles estão um pouco perdidos em relação a um conceito que auxilie a compreender melhor a sua função na contemporaneidade. É preciso formação e informação. Como sugestão, tomo a liberdade de indicar uma boa leitura de cunho filosófico sobre o tema. Falo de Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778) do livro “Emílio ou Da Educação”. Lá Rousseau analisa as características da criança desde seu nascimento até tornar-se adulta e como os pais deveriam se posicionar nas diferentes fases da vida dos filhos. Além de “Emílio ou Da Educação”, que pode ser encontrado em versões mais resumidas na internet, existem outras tantas boas literaturas que podem ajudar os pais da atualidade na sua nobre função de serem os primeiros educadores de seus filhos.
Na atualidade, em muitos momentos, os pais encontram dificuldades de como proceder e se posicionar em relação às questões do cotidiano na educação familiar. Diante da ausência visível de paradigmas, facilmente se cai na repressão ou permissividade. As duas situações formam filhos inseguros. A repressão tende a formar pessoas com pouco amor próprio e a permissividade cria pequenos imperadores autoritários, mas também inseguros. A pessoa autoritária é extremamente insegura, caso contrário conversaria e argumentaria com os seus pares, seja na esfera privada ou profissional. O pai que manda e desmanda não tem mais espaço na sociedade atual. Do mesmo modo, o pai permissivo ou autoritário não é referência desejável aos filhos. Os filhos precisam de limites e não cerceamento; disciplina e não negligência; autoridade e não autoritarismo; amor e não consumismos; qualidade de tempo e não quantidade; firmeza e não barganha; cuidado e não abandono.
Pai. Parabéns por ser pai. Aproveite cada momento que seu filho está vivendo hoje, pois no amanhã ele já estará em outra fase e o tempo que passou não volta mais.
Data: 07/08/09
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