A erradicação do analfabetismo absoluto e funcional, a melhoria da gestão e da qualidade da educação e o maior envolvimento articulado das comunidades, em todos os seus setores, pelo fortalecimento da escola pública, e uma atenção especial na educação infantil. Estes são alguns dos principais desafios da educação no Brasil, de acordo com especialistas consultados pela Carta Educacional do Instituto Arcor Brasil, que já está disponível no novo site da organização na Internet (www.institutoarcor.org.br).
Os mais de 14 milhões de analfabetos absolutos e os 30 milhões de analfabetos funcionais, de acordo com o PNAD 2005 do IBGE, indicam que ainda existe enorme caminho a ser trilhado para erradicar o analfabetismo no país, assinala a Carta Educacional. Segundo o educador mineiro Antonio Carlos Gomes da Costa, é fundamental alavancar o processo de inclusão desse enorme contingente de “sub-cidadãos no hemisfério dos alfabetizados, dos cidadãos”, lembrando que esse movimento é exigência do século 21, da Sociedade do Conhecimento.
Melhorar a qualidade da educação é outro enorme desafio, no sentido de assegurar a consolidação da cidadania e uma inserção qualificada do Brasil na sociedade globalizada. “Devemos ter uma educação proativa, que prepare e antecipe o futuro, e não apenas uma educação que reage às circunstâncias”, defende na carta Educacional o ex-presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o empresário Juan Quirós, um dos vice-presidentes atuais da FIESP.
O fortalecimento da escola pública é um passo essencial na direção da educação de qualidade, como assinala a oficial de Projetos de Educação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef-Brasil), Maria de Salete Silva, que adverte para a permanência de profundas desigualdades regionais. De acordo com o PNAD 2005, o Nordeste é a detentora da maior média – 21,9% - de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais entre as regiões brasileiras, e tambem está no Nordeste a maior proporção de defasagem escolar entre os estudantes, isto é, um nível de escolaridade incompatível com a idade recomendada.
Essas desigualdades ficam evidentes, diz Maria de Salete, quando se observa alguns segmentos. Entre as 550 mil crianças brasileiras que ainda estão fora da escola, por exemplo, 60% são negras. “O importante é que o projeto da escola, com o apoio da comunidade, tenha como foco principal o aprendizado do aluno. Mesmo em escolas e áreas com condições precárias é possível alcançar esse objetivo, com todos atores orientados pelo mesmo propósito. Por outro lado, alianças que não considerem o foco do aprendizado podem até resultar em belos processos, mas no final do ano o aluno continuará travado, sem aprender”, adverte a oficial de Projetos de Educação do Unicef-Brasil, segundo a Carta Educacional do Instituto Arcor.
Segundo a carta eletrônica, a educação é “uma ferramenta mais do que segura para tirar milhões e milhões da solidão, das trevas do analfabetismo e da exclusão social”. Segundo a PNAD 2006, a maior proporção de pobres entre os pobres é justamente a de crianças da primeira infância. São 11,5 milhões de crianças de até 6 anos de idade na condição de pobreza, ou 55,3% de crianças nessa faixa etária, o que ratifica a necessidade de educação de grande qualidade, com especial atenção para a educação infantil.
Antonio Carlos Gomes da Costa, um dos principais educadores brasileiros, adverte na Carta Educacional que “Políticas redistributivas, que não preparem a população para que ela própria gere condições de trabalho e renda, não terão efeito prático”. A educação integral, para a vida toda, defende o educador, está estreitamente relacionada com o que batizou de Ética Biofílica, ou seja, a ética do cuidado, do amor à vida em sentido amplo.
Data: 07/07/08
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