Autores: Daniela Melaré Vieira Barros e Sergio Ferreira do Amaral
Pensar a quantidade de formas de aprendizagem atuais exige atender as diversidades e as individualidades pessoais no contexto da sociedade. Essas são compostas por referenciais sobre competências e habilidades, modos de construção do conhecimento, uso de tecnologias, multiculturalidade e demais teorias que privilegiam ou têm como enfoque o indivíduo e o seu desenvolvimento integral. Considerado esse panorama no âmbito educativo, dispomos das teorias de estilos de aprendizagem que nos possibilitam ampliar o que consideramos como formas de aprender, conforme as competências e habilidades individuais.
Entendendo os elementos das tecnologias e suas conseqüências no âmbito educativo, percebe-se que a educação sofre essas alterações e, por conseguinte, tenta de alguma maneira adaptar-se ao processo. Essa adaptação requer inovações no contexto teórico e em toda a estrutura didática. A teoria dos estilos de aprendizagem contribui muito para a construção do processo de ensino e aprendizagem na perspectiva das tecnologias, porque considera as diferenças individuais e é flexível, o que permite estruturar as especificidades voltadas às tecnologias.
Os estilos de aprendizagem, de acordo com Alonso e Gallego (2002), são marcos cognitivos, afetivos e fisiológicos que servem como indicadores relativamente estáveis de como os alunos percebem seus ambientes de aprendizagem, interagem com eles e respondem aos seus estímulos. Os estilos de aprendizagem referem-se a preferências e tendências altamente individualizadas, que influenciam na maneira de uma pessoa apreender determinado conteúdo. Conforme os autores, existem quatro estilos definidos, a saber:
- Estilo ativo: valoriza dados da experiência, entusiasma-se com tarefas novas e é muito ágil;
- Estilo reflexivo: atualiza dados, estuda, reflete e analisa;
- Estilo teórico: é lógico, estabelece teorias, princípios, modelos, busca a estrutura e sintetiza;
- Estilo pragmático: aplica a idéia e faz experimentos.
O tipo de aprendizagem que a influência da tecnologia potencializa nos contextos atuais passa necessariamente por dois aspectos: o primeiro abrange a flexibilidade e a diversidade; o segundo refere-se aos formatos. Kolb (apud Alonso e Gallego, 2002) destacou que a forma de aprender é fruto da herança que trazemos, das experiências anteriores e das exigências atuais do ambiente. Para ele, cinco forças condicionam os estilos de aprendizagem::
- O tipo psicológico;
- A especialidade que o indivíduo tem em relação à sua profissão;
- Sua carreira profissional e as exigências que elas trazem;
- O posto de trabalho ao qual está vinculado; e
- A capacidade de adaptação ao posto que estiver ocupando, o qual exige determinada competência.
O panorama aqui delineado sobre estilos de aprendizagem e suas possibilidades de uso no contexto das tecnologias em âmbito educativo amplia as vias de construção de materiais educativos, estruturando, assim, um planejamento didático com maior ênfase no aluno e em suas necessidades. Além disso, capacita os profissionais a criarem a partir de ferramentas disponibilizadas pelas tecnologias. As características dos estilos de aprendizagem oferecem referenciais para o trabalho de ensino e aprendizagem on-line ou presencial. São características que destacam um perfil de melhor assimilação e análise por parte do aluno do que está sendo apresentado. Isso motiva e potencializa a qualidade da aprendizagem.
O questionário dos estilos de aprendizagem pode ser aplicado em diversas situações de aprendizagem, independentemente da área ou do conteúdo a ser desenvolvido. Além disso, o teste identifica somente a tendência de aprendizagem caracterizada para aquele momento, podendo ser flexível de acordo com o desenvolvimento pessoal. Os estudos sobre esse tema continuam a fazer parte de uma investigação que amplia suas características e potencializa seu instrumento a partir do contexto virtual.
NOTA
1 O questionário está disponível em www.estilosdeaprendizaje.es.
REFERÊNCIAS
ALONSO, C.M.; GALLEGO, D.J. Los estilos de aprendizaje: procedimientos de diagnostico y mejora. Madrid: Mensajero, 2002.
SOBRE OS AUTORES
Daniela Melaré Vieira Barros é pesquisadora do Laboratório de Novas Tecnologias Aplicadas à Educação (Lantec) da Unicamp.
Sergio Ferreira do Amaral é professor do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas à Educação e coordenador do Lantec da Unicamp.
Nenhum comentário:
Postar um comentário